O que está por trás do que Bolsonaro chama de ‘conspiração’ de Maia, STF e Doria




Depois de gerar uma nova crise política em torno das ações adotadas pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta na condução da crise do coronavírus e demiti-lo com a escalada de popularidade do antigo subordinado, o presidente Jair Bolsonaro mudou o foco de ataques e, agora, diz que há uma “conspiração” para tirá-lo do poder.Ele acusa o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o governador de São Paulo, João Doria, e integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal) de se articularem contra ele, segundo informações da Folha de S.Paulo.

 

Em nota divulgada pelas redes sociais, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República negou que o presidente tenha um dossiê sobre uma “suposta conspiração contra sua gestão”, como informou o jornal nesta sexta-feira (17).

 

Desde a intensificação do discurso contrário às orientações do Ministério da Saúde e da OMS (Organização Mundial da Saúde) de isolamento social, cresceu o nível de alerta na cúpula do Legislativo e do Judiciário. Fontes disseram ao HuffPost que há uma preocupação com a democracia no país, diante da possibilidade de que o presidente estivesse estimulando um “caos social” para ter espaço “para implementar um projeto de poder”.

Bolsonaro defende com falas e atos o fim do isolamento social necessário para não colapsar o sistema de saúde. Seu argumento é de que a crise econômica e os desempregos gerados pelas medidas restritivas terão mais impacto sobre a população que o próprio coronavírus.

 

Junto a isso, Bolsonaro eleva o tom contra adversários políticos e, internamente, manda que estados governados por adversários recebam menos dinheiro de benefícios anunciados pelo governo. Nas redes sociais, sua equipe, liderada pelo filho Carlos, segue ativa no combate a todos que discordam de suas ideias e tornam, diariamente, hashtags com ataques aos “inimigos” as mais populares no Twitter.

 

O conjunto de ações incisivas e provocações de Bolsonaro, que se tornou um modus operandi de governar já conhecido, é assunto de conversas entre integrantes do Legislativo, Executivos estaduais e Judiciário..

 

São frequentes encontros entre Maia, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), seu vizinho, o presidente do STF, Dias Toffoli, e o ministro do STF Gilmar Mendes. Entre os assuntos, estão a necessidade de defesa da democracia, a atenção ao papel das instituições democráticas e o fortalecimento delas.

 

Quando em Brasília, João Doria costuma ir a essas reuniões. Outros parlamentares e, por vezes, juristas também participam. Segundo apurou o HuffPost, são jantares e cafés agendados não com objetivo de discutir a postura de Bolsonaro, “mas o tema acaba surgindo”, segundo um dos participantes.

 

É a isso que Bolsonaro se refere quando fala de conspiração.

 

Interlocutores negam, dizem ser um “cuidado com as instituições democráticas” e rejeitam a ideia de impeachment. A palavra não está “na ordem do dia” de Rodrigo Maia, a quem cabe avalizar o início de um processo como esse na Câmara dos Deputados.

 

E não é apenas o presidente da Casa que rejeita o afastamento de Bolsonaro por impeachment. De modo geral, nem mesmo a oposição é a favor disso, apesar de vozes dissonantes falarem no assunto vez ou outra. Acredita-se que é preciso focar na crise do coronavírus. Um processo de impeachment é longo, fruto de enorme crise política e praticamente paralisa o País. Há um entendimento na cúpula dos poderes Legislativo e Judiciário de que o Brasil não precisa disso agora.

 

Contudo, em posicionamentos públicos, Maia, Alcolumbre e Toffoli têm atuado de forma conjunta. Não à toa, por exemplo, quando Bolsonaro faz um pronunciamento na TV sobre coronavírus em que os demais poderes são instados a se posicionar, há entre eles uma consonância de discurso.


Esse artigo tem como fonte o site:

Huffpost

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